Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 320 milhões de pessoas ao redor do mundo têm depressão. Desses, mais de 11 milhões são brasileiros.
Embora existam tratamentos eficazes conhecidos para a doença, menos da metade das pessoas diagnosticadas com depressão recebem auxílio.
Isso acontece por diversos motivos, e um dos principais é o estigma social acerca dos transtornos mentais. Ele desinforma e prejudica ainda mais a vida dessas pessoas, pois pressupõe afirmações e conceitos imprecisos e por vezes incorretos acerca da doença.
Por isso, fizemos uma curadoria das principais informões que são costumeiramente difundidads e desvendamos alguns mitos e verdades sobre a depressão. Vamos lá?
MITO: O tratamento da depressão é o mesmo da Síndrome do Pânico e da Ansiedade
É muito comum confundirem a depressão com outras doenças psicológicas. No entanto, elas podem ser bem diferentes, assim como os tratamentos. Lembre-se que somente um especialista é capaz de fazer o diagnóstico correto e indicar o tratamento adequado para ele.
VERDADE: A depressão não desaparece sem tratamento especializado
Essa é uma triste verdade. A depressão é uma doença grave de cunho psicológico (ou psiquiátrico). De forma que, sem acompanhamento constante, ela não irá desaparecer sozinha.
MITO: Crianças e Adolescentes não desenvolvem depressão
Crianças e adolescentes podem, sim, desenvolver quadros de depressão. Os sintomas costumam ser iguais aos de uma pessoa adulta e ela pode ser desencadeada por diversas razões, como bullying ou violência psicológica, entre outros fatores de risco para esta faixa etária.
VERDADE: Boa parte dos casos de suicídio está relacionada com quadros de depressão
Outra triste verdade. Segundo a OMS, somente em 2018 mais de 800 mil pessoas cometeram suicídio ao redor do mundo. O suicídio, aliás, é a segunda maior causa de mortes de jovens entre 15 e 29 anos.
Muitos desses suicídios estão diretamente relacionados à depressão e reforçam a importância de buscar ajuda médica nos estágios iniciais da doença.
MITO: A depressão é usada como pretexto para desânimo e desinteresse. Essa percepção é muito equivocada e só pode partir de quem desconhece o poder incapacitante da doença. Até porque o desânimo e a perda de interesse compõem um dos estágios da doença, no lugar da desconfiança essas pessoas deveriam receber apoio e incentivo para buscar o melhor tratamento.
VERDADE: A depressão altera o comportamento
A doença pode alterar drasticamente o comportamento de uma pessoa. Os principais impactos são a alteração do humor, cansaço constante, dificuldade de concentração e alteração na rotina de sono (para mais ou para menos horas dormidas). Nunca é demais lembrar que somente um profissional qualificado e especializado pode realizar o diagnóstico, mensurar a gravidade dos sintomas e indicar o tratamento mais adequado.
MITO: Tristeza é o mesmo que depressão
Mais uma vez, não é o caso. A tristeza pode afetar a todos em determinados momentos de suas vidas, mas tem como característica principal a curta duração. Já a depressão tem como característica manifestar-se com períodos prolongados de tristeza, em uma definição simplificada, é como uma tristeza que não tem fim.
VERDADE: Mulheres estão mais propensas a terem depressão
A OMS relata que para cada homem diagnosticado com o transtorno, há duas mulheres. Essa desproporção está relacionada com as grandes alterações hormonais que as mulheres passam ao longo de suas vidas, com destaques para os ciclos menstruais e a menopausa.
MITO: Falar sobre depressão faz a doença piorar
De todos os mitos citados até aqui, esse talvez seja o mais carregado de senso comum. É importante que pessoas com suspeitas ou diagnosticadas com a doença possam compartilhar seu pensamentos com amigos e familiares. Além de, é claro, buscar o auxílio de um especialista.
Ainda, diversas correntes terapêuticas (como a psicanálise) buscam promover o tratamento por meio de conversas. Por isso, pedir ajuda não deve de forma alguma ser motivo de vergonha.
VERDADE: A depressão tem tratamento
A depressão possui uma série de abordagens que podem ser utilizadas em seu tratamento.
O tratamento se divide em duas vertentes mais conhecidas: os psicológicos, como ativação comportamental, terapia cognitivo-comportamental e psicoterapia interpessoal; e o tratamento por meio de medicamentos antidepressivos. É bastante comum e costumeiramente recomendado esses tratamentos caminharem juntos, visando uma melhor recuperação e adaptação do paciente.
Há ainda tratamentos menos difundidos, mas igualmente certificados e potencialmente eficazes, como a TMS – Transcranial Magnetic Stimulation. Traduzindo para o português seria “Estimulação Magnética Transcraniana” (ou apenas “EMT”, como é também conhecida). O tratamento com a TMS se dá em curtas sessões, com pulsos magnéticos direcionados a zonas específicas do cérebro e, por não ter efeitos colaterais, apresenta-se como boa alternativa para o uso de antidepressivos.
É importante falarmos da doença que mais cresce no mundo. Extremamente incapacitante, ela opera de forma silenciosa: mas tem tratamento. Se você se tem ou conhece alguém que sofra com alguns dos sintomas da depressão, busque auxílio de um psicólogo ou de um médico psiquiatra. Com o tratamento adequado o gosto pela vida pode ser mais frequente, mais presente e mais verdadeiro.