O uso medicinal da maconha é um tema delicado e controverso, principalmente por haver muita desinformação e preconceito sobre o assunto.
No entanto, para além das polêmicas, o fato objetivo é que as principais substâncias da Canabbis estão se mostrando bastante eficientes no tratamento de diversas doenças, sinalizando uma contribuição significativa para a melhora da qualidade de vida de muitos pacientes no mundo. Até a publicação deste artigo, 35 países já regulamentaram o uso desses compostos para tratar doenças graves ou raras.
Vamos entender melhor sobre como a maconha é empregada para fins medicinais e desfazer alguns mitos a partir de três rápidas informações:
- A maconha é a denominação popular da planta do gênero Canabbis. Seus principais componentes (chamados de canabinoides) são o THC e o canabidiol (também conhecido como CBD).
- O CBD não acarreta efeito psicotrópico, ou seja, não provoca alterações de percepção ou de humor, além de não causar dependência e ter toxicidade baixa – seu efeito colateral mais conhecido é o sono. Cabe pontuar que Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda não tratar o canabidiol como uma droga.
- O conhecido “barato” é causado pelo THC, que é o responsável pelo efeito psicoativo da Canabbis. Só que essa substância também possui um poderoso potencial medicinal, principalmente no que diz respeito à sua efetiva capacidade analgésica e estimulante de apetite. Em virtude dessas duas propriedades, tende a ser especialmente benéfica para o tratamento de pessoas com câncer.
Maconha medicinal pode ser efetiva contra diversos tipos de doença
Vamos agora conhecer as principais enfermidades que podem ser combatidas pela Cannabis e entender como ela atua nos tratamentos:
Dor Crônica
Nosso cérebro e nervos periféricos possuem receptores para os canabinoides. Quando eles se ligam em determinadas regiões, as moléculas da Canabbis podem reduzir consideravelmente os sinais da dor.
Esclerose Múltipla
O THC e o CBD atuam em regiões que controlam a dor e os movimentos, podendo inibir a transmissão de impulsos que causam espasmos, a rigidez muscular, entre outros.
Epilepsia
Quando se ligam a receptores celulares, as moléculas de CBD diminuem a superativação de circuitos nervosos, responsável pelas convulsões. O tratamento com canabinoides pode beneficiar sobretudo crianças e adolescentes.
Inflamações
O THC e o canabidiol possuem efeito anti-inflamatório, podendo tratar doenças como artrite reumatoide e distúrbios inflamatórios do trato gastrointestinal.
Outras Condições
As náuseas provocadas pela quimioterapia e o glaucoma podem ser tratados com os canabinoides, mas existem medicações mais eficazes. A ansiedade também registra bons resultados quando submetida à terapia com o canabidiol e o THC.
Liberação favorece 5 mil pacientes no país
Em 2015, os dois compostos da maconha mencionados aqui foram liberados pela Anvisa para fins medicinais. Desde então, a importação de produtos à base de CBD e de THC está regulamentada no Brasil.
Hoje são mais de 5 mil pacientes beneficiados no país, principalmente pessoas que sofrem com convulsões graves.
Desde a resolução, já foram importados mais de 80 mil medicações à base de maconha, entre óleos (mais utilizados), pomadas, cápsulas, adesivos, sprays e loções – as formas de administração variam de caso a caso.
Em 2017, a Anvisa registrou o primeiro medicamento desse tipo no Brasil: o Mevatyl é indicado para adultos com espasticidade (rigidez muscular excessiva) associada à esclerose múltipla.
Os resultados são animadores, os registros de benefícios relatados são inúmeros e a OMS já atestou a segurança desses compostos. Mas, claro, há ainda muito estudo a ser feito para conhecermos mais a fundo todo o potencial dos canabinoides e suas propriedades.
Vamos acompanhar de perto as atualizações, validações e protocolos e apresentar aqui assim que surgir alguma novidade. Fato é que o uso e os benefícios terapêuticos da maconha já é uma realidade para muitos casos.