Como acontece, geralmente, depois que uma pessoa sofre um trauma físico? O paciente é tratado e o problema é resolvido. Mas, e se mesmo assim a dor persistir?
Esse é o sintoma principal da distrofia muscular, que também pode estar associada à coloração anormal da pele, mudanças de temperatura do membro, sudorese incomum, edema e distúrbios motores como tremores, distonias ou fraqueza muscular. Essas manifestações podem atingir qualquer parte do corpo, mas normalmente afetam a periferia, como mãos, braços, pés e pernas.
Doença progressiva com características genéticas, a distrofia pode ser do tipo I (quando não há lesão nervosa) ou II (quando há). Acomete mais mulheres de meia idade, além de crianças e adolescentes, em menor escala. Embora sua incidência seja considerada baixa – 150 mil casos por ano no Brasil –, a doença pode ser muito debilitante, exigindo tratamento intensivo na maior parte dos casos.
Atenção: a abordagem multidisciplinar garante melhores resultados
Por ser uma enfermidade complexa, não existe um protocolo padrão para o tratamento da distrofia, uma vez que há inúmeras propostas terapêuticas possíveis e variadas respostas. Em muitos casos, é preciso realizar associações de técnicas para um bom resultado.
Assim, o acompanhamento do paciente deve ser multidisciplinar, pois existem diversos fatores envolvidos. A base do tratamento, no entanto, consiste na reabilitação física e mental, por meio de medicamentos analgésicos, antidepressivos e anticonvulsivantes, além de bloqueios neurológicos e anestésicos, e procedimentos para restringir a dor.
Distrofia e depressão
A reabilitação física é importante porque tem efeitos benéficos sobre um dos principais sintomas da distrofia, que é o imobilismo, além de atuar para a limitação da dor. Como a doença impõe muito sofrimento aos pacientes, existe uma correlação entre distrofia e depressão, o que torna imprescindível uma abordagem que também contemple o tratamento psicológico.
Outra alternativa é a simpatectomia química ou cirúrgica, que tem respostas variadas, sendo indicada para pacientes que respondem bem a outros bloqueios anestésicos, embora a reincidência da dor ocorra em muitos casos.
Pesquisa traz esperança aos pacientes
Ainda em fase inicial de estudos, a chamada “edição genética” pode suprimir os genes ligados à distrofia, melhorando os sintomas. Basicamente, a técnica introduz, por meio de um vírus, um editor genético (CRIPSR) capaz de anular a mutação responsável pela distrofia muscular. Essa intervenção inovadora representa uma esperança para a prevenção e tratamento da doença.
Já a eletroestimulação transcutânea tem sido indicada com mais frequência pelo seu efeito analgésico. Além disso, técnicas de dessensibilização estão sendo propostas a pacientes com alodínia (sensibilidade dolorosa aos estímulos não dolorosos), com resultados bastante positivos.
Em casos mais refratários ao tratamento convencional, ou seja, quem não responde bem a esse tratamento, o implante do neuroestimulador medular pode ser muito eficaz no controle da dor, conforme mostram recentes trabalhos científicos.
Trata-se de um procedimento pouco invasivo em que eletrodos são implantados no espaço epidural da coluna, de modo que os impulsos elétricos “obstruam” a passagem do estímulo doloroso.
Ou seja, há luz para o tratamento de pacientes com distrofia, sim!